Hoje, quando eu acordei e vi o dia todo molhado, fiquei balbuciando aquela música do Luiz Gonzaga (que veio a mim pela voz do Falcão do Rappa), “Súplica Cearense”. E eu acabei perguntando ao vento: O que é que está acontecendo com esse tempo minha gente? Um dia faz um calorão e no mesmo dia, à tarde, cai uma tempestade de arrancar os telhados. Alagações em várias cidades do país e do mundo e tanta gente morrendo pela “fúria da natureza”. Será que a culpa é do cearense da música que fez a prece errada? Será que é a manifestação da ira Divina, como quando Poseidon se irritou com Ulisses? Ou será que são os excessos da influência do homem na natureza? Prefiro ficar com a terceira dúvida. As duas anteriores eliminam qualquer possibilidade da minha ação para melhorar. A última, pelo menos, faz soar um sininho... será que ainda tem jeito?
Eu sei que esse papo de meio ambiente, de preservação, blá, blá, blá é um saco, ainda mais quando tanta instituição usa esse tema para fins pessoais e políticos. Até porque esse não é assunto de instituição. É um assunto da humanidade, um assunto de sobrevivência. É claro que não estamos acostumados a pensar a longo prazo tipo em como estarão os nossos filhos daqui a 20 anos. A gente nem sabe se vai estar vivo! Tá bom, mas vendo essa bagaceira climática desses útimos tempos, não dá pra não fazer aquela pergunta piegas: O que se pode fazer pelo meio-ambiente?
O mais irritante mesmo é ver se repetindo as mesmas promessas de sempre em relação às agressividades fluviais. Fala-se tanto em “obras” para diminuir os problemas ambientais, mas ninguém percebeu que essa “aceleração do crescimento” requer construções em margens de rios? (Não me refiro ao PAC, tá lulistas e dilmistas, pois imagino que nesse programa existem técnicos sérios que atuam com responsabilidade). Mas, desde quando surgiram os primeiros problemas de enchentes em São Paulo , já se discutia sobre os males causados pela retificação do Tietê que encolheria o Rio. Os vereadores diziam: “É uma grande área que tem que ser aproveitada, então vamos diminuir os rios e construir casas!” “Vamos dar moradia e dignidade ao povo!”.
Mas, cadê a dignidade agora?
Fique tranquilo, cearense! Não foi a sua prece errada, nem a ira de Deus. Foi a minha comodidade e minha arrogância. Minha insaciável busca por luxo. Minha ambição e arrogância em achar que a criação existe apenas para me servir!
É o planeta pedindo socorro e a gente fingindo que não está ouvindo.
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