terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Súplica Cearense

Hoje, quando eu acordei e vi o dia todo molhado, fiquei balbuciando aquela música do Luiz Gonzaga (que veio a mim pela voz do Falcão do Rappa), “Súplica Cearense”. E eu acabei perguntando ao vento: O que é que está acontecendo com esse tempo minha gente? Um dia faz um calorão e no mesmo dia, à tarde, cai uma tempestade de arrancar os telhados. Alagações em várias cidades do país e do mundo e tanta gente morrendo pela “fúria da natureza”. Será que a culpa é do cearense da música que fez a prece errada? Será que é a manifestação da ira Divina, como quando Poseidon se irritou com Ulisses? Ou será que são os excessos da influência do homem na natureza? Prefiro ficar com a terceira dúvida. As duas anteriores eliminam qualquer possibilidade da minha ação para melhorar. A última, pelo menos, faz soar um sininho... será que ainda tem jeito?
Eu sei que esse papo de meio ambiente, de preservação, blá, blá, blá é um saco, ainda mais quando tanta instituição usa esse tema para fins pessoais e políticos. Até porque esse não é assunto de instituição. É um assunto da humanidade, um assunto de sobrevivência. É claro que não estamos acostumados a pensar a longo prazo tipo em como estarão os nossos filhos daqui a 20 anos. A gente nem sabe se vai estar vivo! Tá bom, mas vendo essa bagaceira climática desses útimos tempos, não dá pra não fazer aquela pergunta piegas: O que se pode fazer pelo meio-ambiente?
O mais irritante mesmo é ver se repetindo as mesmas promessas de sempre em relação às agressividades fluviais. Fala-se tanto em “obras” para diminuir os problemas ambientais, mas ninguém percebeu que essa “aceleração do crescimento” requer construções em margens de rios? (Não me refiro ao PAC, tá lulistas e dilmistas, pois imagino que nesse programa existem técnicos sérios que atuam com responsabilidade). Mas, desde quando surgiram os primeiros problemas de enchentes em São Paulo, já se discutia sobre os males causados pela retificação do Tietê que encolheria o Rio. Os vereadores diziam: “É uma grande área que tem que ser aproveitada, então vamos diminuir os rios e construir casas!” “Vamos dar moradia e dignidade ao povo!”.
Mas, cadê a dignidade agora?
Fique tranquilo, cearense! Não foi a sua prece errada, nem a ira de Deus. Foi a minha comodidade e minha arrogância. Minha insaciável busca por luxo. Minha ambição e arrogância em achar que a criação existe apenas para me servir!

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